Contacto


LOURO

Laurus nobilis L

Descrição

Árvore da família das lauráceaes. Pode atingir até 20 m de altura (geralmente entre 2-10m). Casca lisa de cor cinzenta escura, tronco direito, ramos cilíndricos, verdes, embora escureçam ao longo dos anos. Copa densa, algo irregular. Perennifolio. Folhas inteiras, alternas, com cerca de 10 cm de comprimento por 5 cm de largura. Pecioladas, com peciolo de cerca de 1 cm e cor avermelhada. Coriáceas, brilhantes, intensamente verdes e mais mate na parte de baixo. Elíptico-lanceladas, borda ondulada e ápice agudo. Nervo principal bem visível no feixe e muito proeminente na parte inferior. Árvore dioico, com flores amarelas pálidas, que se situam em grupos sobre um pedúnculo comum curto, distribuídas nos eixos das folhas. Nos espécimes masculinos estão reunidas em grupos de cinco, entre um par de brácteas escamosas que escurecem e caem na antese. Cálice formado por quatro sépalas translúcidas esbranquiçadas, que encerram numerosos estames (8-15). Os estames são amarelados, com anteras arredondadas que abrem mediante duas tampas, que se despegam de baixo para cima, com duas glândulas na base. Os espécimes femininos têm flores semelhantes às masculinas, com quatro estames abortados (estaminodes) e um pistilo esverdeado com um estilo curto. Floresce de março a abril. O fruto é uma baga ovoide que se torna violeta e preta na maturidade. Contém uma semente grossa.

 

É originário dos países mediterrânicos e prefere lugares sombrios e húmidos, evitando áreas de temperaturas extremas. É muito comum como planta de jardim, para fins ornamentais e culinários. Também aparece de forma selvagem nas bordas de azinheiras, carvalhos, castanheiros, pés de cantis, etc. Em geral, segue-se uma distribuição mediterrânica.

 

Amplamente utilizado na Grécia Antiga para fins adivinhatórios e em Roma também como um remédio e grinalda decorativa. Foi consagrado aos deuses Apolo e Esculapio que lidavam com a cura e a medicina. Considerava-se protetora e curativa. Coroava-se com uma grinalda feita com as suas folhas para os vencedores nas competições, por isso considera-se o símbolo da vitória. Também está associado como símbolo de paz, juntamente com a pomba.

 

Parte utilizada

Folhas, frutos. O óleo obtido a partir destes por hidrodistillação (até 10-30 ml/Kg).

 

Colhem-se durante todo o ano. Do ponto de vista culinário, as melhores folhas são colhidas no inverno, uma vez que têm valores de cineol mais elevados e melhor cheiro.

 

Princípios ativos

* As folhas:

 

Óleo essencial composto principalmente por:

Compostos terpénicos: cineol (25-60%), variam de acordo com a origem geográfica da planta.

Monoterpenois: linalol, -terpineol, terpineno-l-ol-4, borneol, geraniol, cis-tuyanol-4.

 Ésteres terpénicos: formiato, acetato, caproato, isobutarato e isovaleraniato de terpinilo.

Monoterpenos: e pineno, sabineno.

Fenois: eugenol, cis-eugenol.

Óxidos: 1,8-cineol, desidro-1,8-cineol.

Lactonas sesquiterpénicas: deshidrocostulactona, costunólido, eremantina, artemorina, laurenobiólido.

Polifenóis: flavonas e 3,4-flavanos.

Alcaloides isoquinoleínicos (0,1%): reticulina, aporfinóides, etc.

Taninos.

* Frutos:

 

Óleo essencial (1,0-4,0%): monoterpenos tais como eucaliptol, alfa e beta-pineno, citral, metilcinamato.

Lactonas sesquiterpénicas: deshidrocostulactona, costunólido, eremantina, laurenbiólido.

Alcaloides isoquinolinas: reticulina.

Taninos.

Óleo (25-55%): triglicéridos de ácidos gordos laurico, palmítico e oleico. Este óleo constitui a manteiga de louro, de cor verde e consistência amanteigada.

Ação farmacológica

Utilização interna:

 

Estimulante.

Antiespasmódica.

Antisséptica.

Diaforética.

Diurética.

Emenagoga.

Antirreumáticas.

Parasiticidas e pediculicida (piolhos).

Utilização externa:

 

Rubefaciente e anti-inflamatório. O louro exerce um efeito rubefaciente, que pode levar a uma diminuição da inflamação quando o óleo essencial de louro é aplicado topicamente.

Ultimamente estão a ser realizados estudos com alguns dos seus componentes que indicam uma ação importante como antioxidante

Indicações

Utilização interna:

 

Perda de apetite, dispepsias hiposecretórias e espasmos intestinais. Usadas para cozinhar, as folhas, facilitam a digestão e absorção dos nutrientes.

Dismenorreia e amenorreia.

Utilização externa:

 

Tratamento local de afeções reumáticas (artrite, reumatismo osteomuscular e deformante, contraturas musculares,... ) com compressas quentes ou fricção com o óleo diluído. Adicionar uma cozedura das suas folhas, ao banho quente, ajuda a aliviar a musculatura dorida.

Gargarejos para as afeções locais da mucosa oral.

Pediculose.

Contraindicações

Alergia à planta ou a outras plantas da mesma família.

Gravidez. O louro não deve ser utilizado em doses superiores às utilizadas na alimentação, durante a gravidez, devido à presença de alcaloides que podem provocar efeitos adversos no feto.

Lactação. O louro não deve ser utilizado em doses superiores às utilizadas na alimentação, durante a amamentação, devido à presença de alcaloides que possam aceder ao leite materno e provocar efeitos adversos no lactante.

Precauções e Interações com medicamentos

O óleo essencial e os vestígios de alcaloides podem exercer uma ação tóxica no sistema nervoso.

 

O maior perigo deriva da sua confusão com o louro-cerejo ou lauroceraso (Prunus laurocerasus L.), que contém heterosídeos cianogénicos abundantes.

 

Efeitos secundários e toxicidade

Pode provocar dermatite de contacto e fenómenos de fotosensibilização, bem como conjuntivite em pessoas sensíveis. Devido à presença de lactonas e taninos. Em geral, o óleo deve ser aplicado diluído, para evitar este efeito.

 

As infusões concentradas podem causar irritação da mucosa gástrica.

Estudos

Sayyah M, Saroukhani G, Peirovi A, Kamalinejad M. Analgesic and anti-inflammatory activity of the leaf essential oil of Laurus nobilis Linn. Phytother Res. 2003 Aug;17(7):733-6. PMID: 12916069 [PubMed - in process].

Moteki H, Hibasami H, Yamada Y, Katsuzaki H, Imai K, Komiya T. Specific induction of apoptosis by 1,8-cineole in two human leukemia cell lines, but not a in human stomach cancer cell line. Oncol Rep. 2002 Jul-Aug;9(4):757-60. PMID: 12066204 [PubMed - indexed for MEDLINE].

Kivcak B, Mert T. Preliminary evaluation of cytotoxic properties of Laurus nobilis leaf extracts. Fitoterapia. 2002 Jun;73(3):242-3. PMID: 12048018 [PubMed - indexed for MEDLINE].

Sayyah M, Valizadeh J, Kamalinejad M. Anticonvulsant activity of the leaf essential oil of Laurus nobilis against pentylenetetrazole -and maximal electroshock- induced seizures. Phytomedicine. 2002 Apr;9(3):212-6. PMID: 12046861 [PubMed - indexed for MEDLINE].

Matsuda H, Shimoda H, Ninomiya K, Yoshikawa M. Inhibitory mechanism of costunolide, a sesquiterpene lactone isolated from Laurus nobilis, on blood-ethanol elevation in rats: involvement of inhibition of gastric emptying and increase in gastric juice secretion. Alcohol Alcohol. 2002 Mar-Apr;37(2):121-7. PMID: 11912066 [PubMed - indexed for MEDLINE].

Yoshikawa M, Shimoda H, Uemura T, Morikawa T, Kawahara Y, Matsuda H. Alcohol absorption inhibitors from bay leaf (Laurus nobilis): structure-requirements of sesquiterpenes for the activity. Bioorg Med Chem. 2000 Aug;8(8):2071-7. PMID: 11003152 [PubMed - indexed for MEDLINE].

Kang HW, Yu KW, Jun WJ, Chang IS, Han SB, Kim HY, Cho HY. Isolation and characterization of alkyl peroxy radical scavenging compound from leaves of Laurus nobilis. Biol Pharm Bull. 2002 Jan;25(1):102-8. PMID: 11824536 [PubMed - indexed for MEDLINE].

Gurman EG, Bagirova EA, Storchilo OV.Fiziol Zh. The effect of food and drug herbal extracts on the hydrolysis and transport of sugars in the rat small intestine under different experimental conditions. SSSR Im I M Sechenova. 1992 Aug;78(8):109-16. PMID: 1335906 [PubMed - indexed for MEDLINE].

Bibliografia

Berdonces i Serra, J. Ll. (2001) Gran Enciclopedia de las Plantas Medicinales. Tikal. Madrid.

Bruneton, J. (2001) Farmacognosia. Fitoquímica. Plantas medicinales. 2ª Edición. Acribia, S.A. Zaragoza.

Cañigueral, S., Vila R., Wichtl M. (1998) Plantas medicinales y drogas vegetales para infusión y tisana. OEMF International. Barcelona

Chevallier, A. (1997) Enciclopedia de las Plantas Medicinales. Acento. Madrid.

Lastra, J.J., Bachiller L.I. (1997) Plantas medicinales en Asturias y la Cornisa Cantábrica. Trea. Gijón (Asturias).

Vanaclocha B., Cañigueral S. (eds.) (2003) Fitoterapia, Vademécum de Prescripción. Masson. Barcelona.